AYAHUASCA

É o líquido resultante da decocção de duas plantas de poder: o Jagube (Banisteriopsis caapi), que é um cipó, e a Chacrona ou Rainha da Floresta (Psycotria Viridis), que é um arbusto. Um dos componentes da Ayahuasca é o Dimetiltriptamina ou simplesmente DMT. Uma substância que contenha DMT, para ser enquadrada como droga, dentro das leis científicas atuais, precisa conter 2 % de DMT. No caso da ayahuasca, esse percentual é 0,02 %, ou seja, 100 vezes menor do que a taxa mínima necessária para que a substância seja classificada como droga. Pesquisas de cunho científico, realizadas por grandes autoridades mundiais em toxicologia, etnobotânica, psiquiatria e psicofarmacologia, como os Drs.RICK STRASSMAN e CHARLES GROBB, comprovaram que a ayahuasca não é uma droga, não entorpece, não causa qualquer padrão de dependência, abuso, overdose ou síndrome de abstinência, e que, principalmente, não foi observado o surgimento de qualquer tipo de distúrbio mental posteriormente ao uso da ayahuasca. Nessa pesquisa, também foi constatado que a dose letal da ayahuasca (quantidade a ser ingerida por um organismo para que ocorra o risco de óbito) é de 7,8 litros, muito próximo à dose letal da água, que é de 10 litros; embora seja impossível uma pessoa ingerir 1 litro que seja de uma só vez. Quanto aos testes psiquiátricos, foram aplicados aqueles recomendados pela ortodoxia cientifica: o CIDl (Composite International Diagnostic Interview) com os critérios do CID 10 e DSM IIIR. c o TPQ (Tridimensional Personality Questionnaire). Constatou-se sobre os dois grupos separados para esta pesquisa científica (grupo dos “usuários de ayahuasca ” e grupo dos ” não usuários de ayahuasca “) , que: Os integrantes do grupo usuário de ayahuasca, em relação ao grupo de não usuários, mostravam-se mais reflexivos, resistentes, leais, estóicos, calmos, frugais, ordeiros e persistentes, além de mais confiantes, otimistas, desinibidos, despreocupados, dispostos e enérgicos. Exibiram também alegria, determinação e confiança elevada em si mesmo.”

Benefícios da Expansão da Consciência com o uso ritualizado da ayahuasca

Alinhamento e abertura dos chacras (retirada de bloqueios emocionais e energéticos) e acesso a conhecimentos. Existem muitas técnicas e rituais para se chegar aos estados mais profundos da consciência, como tambores, danças, jejuns, respirações, posturas corporais, etc. Com o uso de ayahuasca esse caminho é rápido. A ayahuasca abre os chacras, expande a consciência e, com maior consciência, passamos a agir. Com mais velocidade ocorre o nosso crescimento espiritual e, conseqüentemente todo o resto pode ocorrer: crescimento material, profissional e tudo o mais que desejamos em nossa vida.
 
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Entre 1991 e 1993, a Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista de Medicina), Universidade de Campinas, Universidade do stado do Rio de Janeiro, Universidade do Amazonas, Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), Universidade da Califórnia, Universidade de Miami, Universidade do Novo México e Universidade de Kuopio (Finlândia), foram convidados por inciativa de uma das igrejas sincréticas Brasileiras, a UDV, para gerenciar uma pesquisa cientifica, intitulada “Farmacologia Humana da Hoasca, chá usado em contexto ritual no Brasil”.

A pesquisa foi articulada pela direção central do Centro de Estudos Médico-Científico da União do Vegetal, órgão interno da instituição, que reúne seus adeptos profissionais de áreas relevantes. Os resultados constatam que a bebida Ayahuasca é inofensiva à saúde.
A pesquisa está publicada em importantes revistas científicas como: “Psychopharmacology”, em texto assinado por J. C. Callaway (PhD), e “The Journal of Nervous and Mental Disease”, em texto de Charles S.Grobb(PhD).
Este estudo se deu em Manaus e envolveu nove centros universitários e instituições de pesquisa do Brasil, Estados Unidos e Finlândia, financiados pela fundação norte-americana Botanical Dimension. A pesquisa começou a ser planejada em 1991 e aconteceu em 1993. Consistiu em aplicar testes laboratoriais e questionários, dentro dos procedimentos científicos padrões, em usuários da Ayahuasca. Eram pessoas de faixas etárias variadas, dos meios urbano e rural, freqüentadores assíduos dos cultos. Os testes foram também executados em não usuários servindo de grupo de controle.
A avaliação psiquiátrica conduzida pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, Centro de Referência da Organização Mundial da Saúde, não encontrou entre os usuários pesquisados nenhum caso de dependência, abuso ou perda social pelo uso da Ayahuasca, aspectos presentes em usuários de drogas proscritas pela legislação.
As conclusões comparativas são surpreendentes. A primeira delas, confirmando a afirmação de que a bebida é inócua do ponto de vista toxicológico: não se constatou “nenhuma diferença significante no sistema neurosensorial, circulatório, renal, respiratório, digestivo, endócrino entre os grupos experimentadores e de controle”.
Nos testes psiquiátricos, foram aplicados os recomendados pela ortodoxia científica, o CIDI (Composite International Diagnostic Interview), com os critérios do CID 10 e DSM IIIR, e o TPQ (Tridimensional Personality Questionnaire). Constatou-se que os usuários da Ayahuasca, comparativamente aos não usuários (grupo de controle) mostraram-se mais “reflexivos, resistentes, leais, estóicos, calmos, frugais, ordeiros e persistentes”. E ainda: mais “confiantes, otimistas, despreocupados, desinibidos, dispostos e enérgicos”. Exibiram também “alegria, hipertimia, determinação e confiança elevada em si mesmo”. Os examinandos apresentaram desempenho significativamente melhor que os do grupo de controle quanto à capacidade de lembrar as palavras na quinta tentativa. Foram melhores também em “número de palavras lembradas, recordação tardia e recordação de palavras após interferência”.
Embora o protocolo de estudo não permitia separar os benéficos atinentes ao contexto religioso dos efeitos da bebida em si, esta pesquisa confirma a impressão geral, decorrente da sua utilização milenar, da inocuidade da Ayahuasca. De fato não se conhece caso de lesões e doenças provocadas pelo seu uso “in natura”, sem adulterações ou misturas.

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A AYAHUASCA é resultado da decocção de duas plantas, um cipó de nome Jagube (Banisteriopsis Caapi) e a folha de um arbusto de nome Chacrona (Psicotria Viridis), portanto, nosso tratamento é de caráter fitoterápico e complementar, contudo, em nossa experiência asseguramos que é possível, em apenas um Ritual de uma noite o indivíduo se libertar do vício químico, orgânico e mental. Elucidamos ainda que PESQUISAS CIENTÍFICAS sobre a AYAHUASCA afirmam que esta substância NÃO causa dependência e nenhum malefício ao organismo humano e ao aparelho psíquico, o que pode ser comprovado através de diversos estudos que serão expostos neste site e também por decisões do CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS – CONAD, como as RESOLUÇÕES Nº 05 de 04 de novembro de 2004 e N° 01 de 26 de janeiro de 2010 , informações que podem ser confirmadas pelo Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e Presidente do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, GENERAL DE EXÉRCITO JORGE ARMANDO FELIX ou o SECRETÁRIO EXECUTICO DO CONAD, GENERAL DE DIVISÃO PAULO ROBERTO YOG DE MIRANDA UCHÔA.

A Ayahuasca não causa dependência fisiológica ou comportamentos associados à dependência como abstinência, comportamento de abuso ou perda social, devido ao sistema serotoninégico. Não se observa deterioração física ou psicológica com o uso regular (Callaway et al. 1999).

Você sabia que uma substância que tem  em sua composição bioquímica Dimetiltriptamina (DMT), ela precisa de no mínimo 2% de DMT em sua farmacologia para ser enquadrada como droga alucinógena?

A AYAHUASCA tem  100 vezes menos DMT do que é estipulado pela CIÊNCIA: sua composição farmacológica padrão é de 0,02% de DMT, portanto de acordo com os parâmetros científicos internacionais, a Ayahuasca não pode ser considerada droga, de tal forma que não consta da lista de substâncias proscritas da Organização das Nações Unidas – ONU




A VISÃO CIENTÍFICA SOBRE AYAHUASCA

Rodrigo Borges de Avó – biólogo

Introdução

A terminologia da palavra “ayahuasca” apresenta muitos significados, sendo os mais peculiares: “chicote da alma” e “pequena morte” (LAKOTAS, 2007).
Os primeiros relatos europeus desta bebida foram feitos pelos jesuítas, que a
descreveram como uma “bebida diabólica”, possívelmente por sua propriedade psicoativa. A utilidade desta decocção só foi descrita para os europeus por Richard Spruce, em 1873 (CALLAWAY, 2005a).
Ayahuasca, Daime ou “Vinho das Almas” é a bebida resultante da decocção de duas plantas nativas da Amazônia : jagube – Banisteriopsis caapi [(Spruce ex Griseb.) C.V. Morton] , liana da família Malpighiaceae; e chacrona – Psycotria viridis (Ruiz & Pav.), arbusto da família Rubiaceae, que pode chegar a três metros de altura, do qual se utilizam apenas as folhas (Freitas, 2002).

Farmacologia

O B. caapi contém β-carbolinas como harmina, tetrahidroharmina, e harmalina (inibidores da enzima monoaminoxidase-MAO). Já a Psycotria viridis contém principalmente N,N-dimetiltriptamina (DMT), agonista de receptores serotoninérrgicos 5-HT2A (McKenna et al., 1984).
Mesmo sendo um potente psicoativo, a N,N-dimetiltriptamina é inativa em doses de até um grama por via oral, provavelmente devido à degradação pela enzima MAO do trato gastrintestinal e fígado (McKenna, 2004). Porém, quando a DMT se combina com os inibidores da enzima MAO, como as β-carbolinas, se torna capaz de atingir o sistema circulatório e o sistema nervoso central, produzindo seus efeitos psicoativos (McKenna et al., 1984), sendo efeito da DMT a hiperativação prolongada das funções cerebrais de percepção (perceptivas), de conhecimento (cognitivas) e de memória, que representam a base do psiquismo humano, no que diz respeito aos aspectos operativos da consciência: conhecer, compreender e memorizar ou recordar (Freitas, 2002).
A inibição dos dois sistemas, MAO e reabsorção de serotonina, pelas β- carbolinas presentes no jagube, podem resultar em elevados níveis de serotonina no cérebro (McKenna et al., 1998).

Ausência de dependência

A droga-adição é uma enfermidade crônica caracterizada por forte compulsão em adquirir e consumir uma determinada droga psicoativa e por alta incidência de recaída após períodos prolongados em abstinência (Koob, 2000; Nestler, 2002; White, 2002; Kalivas et al., 2003). Sem dúvida a dopamina é a molécula mais diretamente implicada na dependência às drogas de abuso, principalmente atuando na via mesolímbica dopaminérgica, conjunto de neurônios dopaminérgicos que se originam na área tegmentar ventral e projetam-se para o núcleo acumbens e córtex pré-frontal (Koob, 2000; White, 2002; Nestler, 2002; Wise 2002). Ainda, sabe-se que o sistema serotoninérgico modula ativamente o funcionamento da sinalização dopaminérgica (Vengeliene et al., 2008). Neste sentido, a manipulação farmacológica do sistema serotoninérgico representa um importante alvo terapêutico no contexto da dependência química.
A Ayahuasca não causa dependência fisiológica ou comportamentos associados à dependência como abstinência, comportamento de abuso ou perda social, devido ao sistema serotoninégico. Não se observa deterioração física ou psicológica com o uso regular (Callaway et al. 1999). Diferentemente do álcool, da cocaína e anfetamina, que utilizam do sistema dopaminégico, causando elevados níves de prazer

Ausência de intoxicação

Do ponto de vista metabólico, níveis de serotonina aumentam depois da inibição da MAO, estimulando o nervo vago do cérebro, o qual inerva o trato digestivo. Evacuação do trato digestivo superior e inferior pode ocorrer com ingestão de doses excessivas de Ayahuasca, o qual é um reflexo natural que atua como um falso mecanismo de defesa contra a possibilidade de uma “overdose” fatal neste caso (CALLAWAY, 2005b), dificultando ainda mais a ingestão da dose letal.
Dose letal é a quantidade de uma substância que uma vez ingerida leva ao óbito, sendo que na Ayahuasca esta dose é de 7,8 litros. Para fins de comparação, a dose letal da água pura é de 10 litros; a do suco de maracujá, 8 litros e a do uísque e da cachaça brasileira, 1 litro. Vale ressaltar que em um ritual de consciência ampliada de 12 horas, em determinados institutos é ingerido no máximo 200mL da bebida (LAKOTAS, 2007).





Alucinações ou visões?

Segundo o ponto de vista farmacológico, a DMT, LSD, mescalina e a psilocibina são considerados alucinógenos de primeira classe (DITTTRICH, 1998), pois, estes são agonistas dos receptores 5-HT2A, ocorrendo alucinações.

A DMT está presente em tecidos de mamíferos, animais marinhos e anfíbios. Nos seres humanos é uma substância endógena encontrada no sangue, urina e no fluído cérebroespinhal. Possivelmente liberada pela glândula pineal, a DMT é produzida em estados profundos de meditação, no nascimento e em experiências de quase morte (STRASSMAN, 2001).
As β- carbolinas podem apresentar alguma psicoatividade, e podem contribuir para a atividade psicotrópica em geral proporcionada pelo Daime, porém é provavelmente incorreto caracterizar as propriedades psicotrópicas das β-carbolinas como alucinógenas ou psicodélicas (SHULGIN et al., 1997). Em dose regular de Ayahuasca, as β- carbolinas estão abaixo do limiar de sua dose alucinogênica (MCKENNA, 2004).
Alguns autores consideram que o uso do termo “alucinógeno” para a Ayahuasca não é apropriado, pois esta manifesta visões, e não alucinações. Porém, é necessário mais estudos para haver melhor classificação.

Propriedades teraupêuticas


Na última década tem sido verificado um interesse particular quanto à utilização da bebida para fins terapêuticos. Estes trabalhos baseiam-se no fato de que a Ayahuasca, embora potencialmente psicoativa, não apresenta outros efeitos adversos importantes. De fato, em um estudo comparativo, Gable constatou que entre a codeína, mescalina ou metadona, a DMT é o composto que possui uma maior janela terapêutica. Além disso, diferente da codeína ou metadona, a DMT tem potencial mínimo de causar dependência química (Gable, 2007). Ainda Doering-Silveira e colaboradores constataram que adolescentes que utilizavam Ayahuasca num contexto religioso não apresentaram prejuízos de desempenho em testes de atenção rápida, procura visual, sequenciamento, velocidade psicomotora, habilidades visuais e verbais, memória e flexibilidade mental (Doering-Silveira et al., 2005).

Segundo McKenna, a análise da personalidade dos indivíduos experimentais (com Ayahuasca) tendiam a ser pessoas mais seguras, calmas, dispostas, alegres, emocionalmente maduras, ordeiras, persistentes e confiantes em si mesmas em relação aos indivíduos do grupo controle (Mckenna et al., 1998).

Os potenciais terapêuticos já foram relatados por diversos autores, no caso de terapia para vícios (abuso de álcool, tabaco, anfetaminas etc), como em alguns tratamentos de desordens psiquiátricas, tais como alcoolismo, depressão, autismo, esquizofrenia, desordem de déficit de atenção por hiperatividade, demência senil, são baseados em certas substâncias presentes na Ayahuasca capazes de modular a expressão dos genes dos transportadores de serotonina (McKenna, 2004).
O uso terapêutico do “Vinho das Almas” tem sido estudado por alguns grupos de pesquisadores que verificaram que o consumo agudo da bebida, embora não altere de forma significativa os sintomas de pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, minimiza drasticamente os sintomas de pacientes com síndrome do pânico (Santos et al., 2007). Ainda, em um estudo recente realizado no Hospital Universitário da Universidade de Harvard, foram questionados 40 usuários que utilizavam Ayahuasca semanalmente. Dentre destes, 19 usuários possuíam critérios para transtornos psiquiátricos. Foi constatada uma remissão parcial dos sintomas psiquiátricos em 24% destes pacientes, sendo que 32% dos 19 participantes acreditaram que a diminuição dos sintomas estava relacionada à questão religiosa associada ao uso da Ayahuasca. O achado mais interessante foi que dos 40 participantes do trabalho, 60% apresentavam histórico de dependência ao álcool ou outras drogas de abuso. Ainda, considerando a amostra com problema de dependência, 55% relataram remissão total dos sintomas e 21% acreditavam que a “cura” foi decorrente dos aspectos religiosos associados ao uso da Ayahuasca (Halpern et al., 2008).

O transtorno afetivo genericamente denominado de “depressão” é caracterizado por sentimentos de tristeza, autodepreciação, desvalorização, abandono, culpa, desesperança, ideias de suicídio, apatia, incapacidade de sentir prazer, angústia, “vazio emocional” e alterações físicas como transtornos de sono, apetite e função sexual, indigestão, boca seca, palpitações, tremor, sudorese, dificuldade de concentração, dificuldade respiratória, dor, etc (Graeff e Brandão, 1999). Este fenômeno possui relações com a psiquiatria, genética, psicologia experimental, psicofarmacologia, neuroquímica, neurofisiologia e biologia molecular, o que corrobora suas possíveis bases neurobiológicas (Santos, 2006).

O tratamento farmacológico da depressão tem utilizado várias substâncias nos últimos anos, entre elas, os inibidores da monoamino oxidase (IMAO’s), os antidepressivos tricíclicos e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Os IMAO’s são antidepressivos que inibem irreversivelmente ou reversivelmente a MAO-A, que desamina preferencialmente noradrenalina e serotonina, ou a MAO-B, que, por sua vez, desamina a beta-feniletilamina e benzilamina, aumentando as concentrações destas substâncias no cérebro. A principal ação farmacológica dos antidepressivos tricíclicos é a capacidade de bloqueio da recaptação neuronal de monoaminas cerebrais, entre elas, a serotonina e a noradrenalina. Os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina impedem o retorno deste neurotransmissor para o neurônio pré-sináptico, fazendo com que a serotonina permaneça mais tempo na fenda sináptica, ou seja, age como um agonista serotoninérgico indireto. As três classes de antidepressivos possuem a capacidade de aumentar as concentrações da serotonina no cérebro, por meio do bloqueio de sua recaptação ou da inibição de sua desaminação (Santos, 2006).
O fato da Ayahuasca possuir em sua composição química alcalóides capazes de inibir a monoamino oxidase (harmina, tetrahidroharmina e harmalina), a recaptação
seletiva de serotonina (tetrahidroharmina) e de mimetizar a ação deste neurotransmissor (DMT), propriedades compartilhadas por
diversas substâncias usadas no tratamento farmacológico
depressão, levanta-se a possibilidade de melhora destas patologias com o uso da Ayahuasca (Santos, 2006).
Pelo exposto, torna-se claro que a Ayahuasca apresenta potencial terapêutico para dependência química e depressão. O uso de certas plantas para o tratamento de dependentes químicos já vem sendo aplicado por alguns anos, como no caso da Tabernanthe iboga cujo princípio ativo é a ibogaína, utilizada para tratamento de dependentes de heroína, cocaína, anfetamina e álcool (Hittner e Quello, 2004).

Considerações finais


É responsabilidade do “Padrinho”, líder espiritual do instituto, tomar as devidas precauções, como de não ingerir Ayahuasca em casos de mulhers grávidas acima de três meses, cirurgias próximas, uso de medicamentos restritos, histórico de distúrbios mentais, hepatite, bem como pessoas
debilitadas físicamente. Por fim, não se deve utilizar ou misturar drogas com Ayahuasca.

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Em Novembro de 2002, cientistas e pessoas provenientes de vários continentes se encontraram em Amsterdã (Holanda) para participar de uma conferência sobre a ayahuasca, ou “chá misterioso”, utilizado em rituais religiosos do Santo Daime e da União do Vegetal. Neste artigo, mostramos os principais pontos levantados durante o encontro. Por Govert Derix


A ayahuasca (yagé, daime vegeta, natem) é um chá psicoativo que desde tempos imemoráveis é preparado e tomado pelos índios da Floresta Amazônica. Desde o século passado, ela é fundamental nos rituais das religiões sincretistas Santo Daime e União do Vegetal, que surgiram entre seringueiros de Rondônia e do Acre.
Aos poucos, o chá está ficando conhecido e acessível a um público cada vez maior fora da América Latina, sobretudo através da Internet. Não é de estranhar que esse público, num primeiro momento, fosse composto principalmente por pessoas que tinham afinidade com substâncias psicodélicas e convicções típicas da nova era. Isso, aliás, pode ter um aspecto ameaçador, pois o caráter da experiência com a ayahuasca e a possível significação do chá para a ciência e a cultura do século 21 vai muito além dessas estigmatizações superficiais. Durante a “Psychoactivity III”, a primeira conferência européia sobre a ayahuasca, muitos ayahuasqueiros se sentiam aliviados ao descobrir que o chá é um tema bastante sério para cientistas renomados. A ayahuasca, na verdade, é o eixo de um movimento multidisciplinar que está nascendo.

Legalização e legitimação – Um bom exemplo disso é o livro The Antipodes of the Mind, de Benny Shanon, um dos participantes da conferência. Shanon lecionou na Universidade Stanford, na Califórnia, e atualmente é professor de psicologia cognitiva na Universidade hebraica, em Jerusalém. Em seu livro ele escreveu:

“O impacto afetivo e espiritual da ayahuasca pode ser muito profundo. Freqüentemente as pessoas quea experimentaram relatam a experiência como uma mudança radical de suas vidas, reconhecendo que após essa experiência ‘não são mais a mesma pessoa’. Mas, mesmo quando o impacto do efeito não foi tão radical, ficou uma experiência maravilhosa para aqueles que a tomaram e a descreveram como algo nunca antes vivido.”

A divulgação de que a ciência oficial está se envolvendo com a ayahuasca foi um dos grandes lucros dessa conferência. No Brasil o uso ritualístico da ayahuasca foi legalizado nos anos 80; na Holanda sua utilização dentro do ritual do Santo Daime foi aceito em 2001, e se deu principalmente por causa do apoio e do testemunho de muitos cientistas. A expectativa é que essa conferência ajude a legitimar a ayahuasca como tema importante em várias dimensões da ciência e da cultura atual.

A pequena morte em um lampejo – O que é ayahuasca? Algumas informações gerais:
A ayahuasca é o veículo psicoativo mais usado pelos índios da Amazônia. A palavra vem do idioma quéchua e significa “vinho da alma”,”cipó dos mortos” ou “cipó da pequena morte”. Também é chamada “madrecita de todas as plantas” e “professor dos professores”.
A ayahuasca é um chá amarelo-amarronzado de sabor amargo. Seu efeito psicoativo nem sempre é sentido de imediato. Algumas pessoas necessitam bebê-lo algumas vezes para atingir um estado alterado de consciência. A princípio, porém, o efeito pode dar-se instantaneamente, ou depois de uma ou duas horas; em geral, ele começa após meia hora e dura de três a quatro horas. O processo do efeito foi comparado com a imagem de um dinossauro: primeiro vem o pescoço longo e fino (início lento dos efeitos físicos e psíquicos), depois a barriga (período de meditação, visões, luz) e finalmente um rabo extenso (clareza mental, sensação de bem estar), que pode durar até dois dias. O efeito físico pode ser extremamente forte e acompanhado de diarréia, calafrio ou vômito.
A maneira mais conhecida de preparar o chá é cozinhar as fibras do cipó jagube (Banisteriopsis caapi) com as folhas da chacrona (Psychotria viridis).
Os componentes mais importantes do Banisteriopsis caapi são harmine e harmaline, inibidores de monoamina-oxidase (MAO); as folhas da Psychotria viridis contém dimetil-triptamina (DMT). Acredita-se que os inibidores de MAO tornam o DMT oralmente ativo. Usadas com medicamento antidepressivo, essas substâncias podem ser perigosas.
O efeito pode surgir em ondas; a melhor maneira de aproveitá-lo é não oferecer resistência a elas e entregar-se. O chá fornece “luz”(entendimento do mundo e auto-conhecimento) e também a “força” para usar essa luz no dia-a-dia. Como espelho da consciência e catalisador da memória pode ter um grande valor terapêutico.

A ayahuasca mostra-se um remédio efetivo para diversos vícios. Pesquisando o assunto no Brasil, conversei com muitas pessoas que, graças ao chá, livraram-se do álcool e de outras drogas.

Uma temática rica – A conferência “Psychoactivity III” foi a primeira sobre a ayahuasca na Europa (outras foram organizadas no Brasil, Estados Unidos e na Jamaica). Em Amsterdã, o público internacional foi notável; além dos cientistas, havia cerca de 150 ayahuasqueiros da América, da Europa e do Japão.
Antropologia, psicologia, etnobotânica, farmacologia, a situação jurídica e uma breve história da “arte ayahuasqueira’ foram temas das palestras de cientistas conhecidos, como o antropólogo Luis Eduardo Luna, o psicólogo Benny Shanon, o farmacologista Jace Callaway, o toxicólogo Laurent Rivier e o botânico Christian Raetsch. Xamãs da Amazônia fizeram um ritual de abertura. Foram mostradas reportagens sobre o Santo Daime no Brasil (Rio de Janeiro, Céu do Mapiá, no Acre) e os rituais indígenas no Amazonas.
Para ilustrar a conquista da conferência, reduzirei a grade quantidade de informações ali apresentada a alguns campos de importância:
A importância para a antropologia cultural – Muito conhecimento indígena sobre a ayahuasca está se perdendo rapidamente. A variedade de uso em mais de 400 tribos e suas farmacopéias são somente dois aspectos desse conhecimento. Por outro lado, nem sempre sabemos por que os índios bebem ayahuasca.
“Para um melhor entendimento é preciso proteger as culturas indígenas”, afirmou Rivier, um grande adversário do “turismo-ayahuasca”, variação do eco-turismo que tem a finalidade específica de provar a bebida com xamãs da Amazônia e está rapidamente crescendo. A grande ironia é que, em breve, os próprios índios acabarão indo buscar informações (erradas!) sobre o chá na Internet, e não mais com o próprio xamã. Segundo Rivier, provalvemente “estamos atrasados demais para salvar o conhecimento indígena”.
Ficou claro que, até pouco tempo, fora da Amazônia, principalmente nos Estados de Pernambuco e do Maranhão, havia rituais baseados em substâncias semelhantes à ayahuasca, os chamados “análogos da ayahuasca, os chamados “análogos da ayahuasca”, como a jurema. Conclui-se, portanto, que o nosso conhecimento sobre
O uso ritual do chá (e rituais semelhantes) é somente uma pequena parcela do conhecimento original.
O enfoque existencial – O xamã Hilário Chiriap falou sobre o ritual Natemamu (“Dormir nos braços do espírito”) da tribo Shuar (Equador): bebe-se auashuasca durante três dias e aprende-se tudo sobre a vida e a morte. A historiadora Claudia Mueller-Ebeling mostrou que o motivo de “morrer para aprender a viver” é comum na arte folclórica inspirada pela ayahuasca.
Quase todos os participantes falaram explicitamente sobre a importância existencial da experiência com o chá. Aparentemente, não é possível envolver-se com a bebida amazônica sem ficar impressionado com o maravilhoso território aberto pela “força estranha”.
A importância química e médica – O farmacologista Jace Callaway explicou que a experiência com a ayahuasca é causada por ao menos três mecanismos químicos diferentes. Ele sugeriu que talvez o DMT seja bem menos importante do que se pensava e que os mecanismos principais devem ser algo “muito sutil”. Também não ficou claro para o farmacologista qual é o efeito mais importante do chá, se as visões ou o efeito purgatório.
Nos anos 90, Callaway fez parte de uma equipe internacional que pesquisou o uso de ayahuasca na União do Vegetal, em Manaus. A pesquisa mostrou que ayahuasqueiros desenvolvem mais receptores de serotonina no cérebro, um sinal importante do efeito positivo da ayahuasca para a saúde. Porém, ainda não está comprovado se isso significa que o chá pode curar doenças como o mal de Parkinson ou o câncer, apesar de rumores favoráveis sobre isso entre ayahuasqueiros. “Curar é algo misterioso”, afirma o antropólogo Luna, da universidade de Helsinque, enquanto o neurofisiologista Charles Kaplan, da Universidade de Maastricht (Holanda), disse que o chá “poderia se mostrar benéfico para o sistema de saúde”.
A dimensão psicológica – O chá também pode nos dar um insight sobre a maneira como funciona a mente humana. Segundo Benny Shanon, a consciência se constrói como uma dança (um pás-de-deux) com a realidade, dentro de um campo de significações. A ayahuasca pode mudar as regras da dança e assim modificar a relação entre a consciência e o mundo. É exatamente durante o estado alterado de consciência que a sua natureza e a relação com o mundo podem ser reveladas. Conclusão preliminar: através da experiência com a ayahuasca, a psicologia cognitiva pode aprender mais sobre as regras do “pás-de-deux”.
A questão jurídica – O ritual de ayahuasca foi legalizado no Brasil, na Holanda e no Estado do Novo México (EUA). O chá, porém, nos coloca diante da questão de como uma sociedade deve regular o uso de substâncias psicoativas. A ayahuasca não tem só a ver com a liberdade de religião (o principal argumento usado no tribunal para a legalização na Holanda), mas também com o direito à liberdade da mente e da privacidade do ser humano.
A importância antiglobalista – É possível “mcdonaldizar” a ayahuasca? Talvez. Já se pode obter os seus ingredientes pela Internet e nos smart shops da Holanda, lojas que vendem, entre outras coisas, substâncias psicodélicas.

Evidentemente, a ayahuasca não serve como party drug (droga para se consumir em festas) e seu uso, mesmo fora de um ritual religioso, é acompanhado de uma carga espiritual. O caráter específico da ayahuasca e os rituais indígenas nos mostram a importância da Floresta Amazônica como tesouro de muitas outras plantas com grande valor para a humanidade. Nesse sentido, o chá é um símbolo da importância da diversidade biológica e cultural, e da complexa relação entre ambas.

O início de um movimento – A ayahuasca caminha em pelo menos dois sentidos.
A experiência do chá em si propicia um movimento existencial, que é capaz de mudar e melhorar vidas humanas. Por outro lado, a ayahuasca é o eixo de um movimento multidisciplinar em que pessoas de várias universidades, religiões, raças e culturas se reúnem para pesquisá-la.
A ayahuasca em si é puro movimento: chegada e partida de ondas visionárias e insights. Talvez a idéia da ayahuasca como movimento social seja muito pretensiosa. Isso não impediu, porém, que às vezes a conferência ganhasse a qualidade de um transe ondulado. A grande questão para o futuro é com qual intensidade e qualidade as ondas da ayahuasca vão se desenvolver na ciência e na cultura, não só da América Latina, mas também de outras partes do mundo.

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padrinho Gideon e membros do Céu Nossa Senhora da Conceição em reunião no Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas - CONAD.

Caminho da Legalização

O uso ritualizado da Ayahuasca obteve respaldo legal do COFEN – Conselho – Conselho Federal de Entorpecentes, que foi extinto em 1998, tendo suas atividades absorvidas pelo então SENAD – Secretaria Nacional Anti-Drogas. Foram duas resoluções:

1986

O Dr. Domingos Bernardes da Silva Sá concluiu, através de seus estudos, que o Ayahuasca não deveria ser incluída na lista dos produtos proibidos pela DIMED – Divisão Médica do COFEN em razão de sua concentração de DMT (nesse caso, muitas outras substâncias também deveriam ser incluídas nessa lista: café, suco de laranja, etc.).

1992

O COFEN decidiu liberar oficial e definitivamente a ayahuasca por haver ampla comprovação de efeitos benéficos, com base no controle exercido pelos centros que utilizavam ayahuasca com seriedade (1986-1992) ***. Segundo observação da Comissão Multidisciplinar (médicos, antropólogos, psicólogos, enfim, todas as correntes do saber), a substância estimulava comportamentos construtivos, com grandes ajustes sociais e psicológicos dos participantes. Também foi constatado um forte senso de coesão social e cooperativismo entre os participantes da Comunidade do Daime.

2004 – O tempo passa e mudam os diretores das instituições, os nomes das instituições, os presidentes e também as tecnologias e os recursos da ciência.

Naquele ano, o então Presidente do CONAD – Conselho Nacional Anti-Drogas pediu o parecer de uma “Câmara de Assessoramento Técnico-Científico” para o processo de legitimização do uso da ayahuasca, o qual estava completando 18 anos (desde seu início em 1986, quando saiu da lista da DIMED, até 2004). O novo dirigente do CONAD, ao assumir a responsabilidade de presidir aquela instituição, que legalizou o uso da Ayahuasca, e sentindo a necessidade de se respaldar e fazer uma reavaliação da questão, determinou novos estudos e novas averiguações, tendo a Ayahuasca sido novamente aprovada. Essa Câmara de Assessoramento Técnico-Científico, concluiu que a legalização estava respaldada e alicerçada:

Em análise multidisciplinar;
No direito constitucional do exercício do culto de tradição milenar para a evolução da humanidade;
Ampla gama de informações sobre o assunto, obtidas:
de profissionais de diversas áreas do conhecimento humano;
de órgãos públicos;
da experiência comum;
do reconhecimento nos diversos segmentos da sociedade civil, etc.
Tendo em vista todo esse respaldo, a Câmara de Assessoramento Técnico-Científico resolveu manter a legalização do uso da ayahuasca e sugeriu a instituição de um Grupo Multidisciplinar de Trabalho (GMT), com a função de levantar e acompanhar o uso ritualizado da ayahuasca, bem como acompanhar as pesquisas sobre sua utilização terapêutica. Esse grupo é composto por representantes dos mais variados segmentos do conhecimento humano, tais como: antropológicos, farmacológicos, bioquímicos, psicológicos, psiquiátricos, jurídicos, sociais, além de Seis representantes dos grupos religiosos ayahasqueiros do Brasil.

*** em 1982 já havia sido formada a primeira comissão multidisciplinar, também formada por médicos, psicólogos, antropólogos, além de representantes do Ministério da Justiça, Polícia Federal, Exército, etc. Essa comissão deveria averiguar in loco o fenômeno Santo Daime.


O uso ritualiístio da Ayahuasca é garantido, no Brasil, pela Resolução n. 04 do CONAD.

por Luís Pereira
Durante décadas o governo brasileiro vem estudando as atividades da Ayahuasca e inicialmente dois pareceres técnicos do antigo Conselho Federal de Entorpecentes (Confen), por iniciativa da União do Vegetal, pesquisou o uso religioso do chá em duas oportunidades, em 1986 e em 1992, por meio de comissão mista interdisciplinar.

Conforme relatório do Conselho Federal de Entorpecentes, assinado pelo Dr. Domingos Bernardo Gialluisi da Silva Sá, foi concluído que as plantas utilizadas na elaboração da Ayahuasca ficassem excluídas da lista de produtos proscritos pela Dimed (Divisão Médica do Confen). Essa conclusão foi aprovada pelo plenário do Confen, baseada em pesquisa feita por um Grupo de Trabalho nomeado pelo Ministério da Justiça. O relatório atesta que não há qualquer fato comprovado de que a Ayahuasca provoque prejuízos sociais.

Cito aqui – por julga-los eloqüentes – alguns trechos do parecer do Confen de 1986, aprovador por unanimidade e assinado pelo Dr. Domingos Bernardo de Sá, que presidiu o Grupo de Trabalho incumbido de examinar a questão:

“Padrões morais e éticos de comportamento em tudo semelhantes aos existentes e recomendados em nossa sociedade, por vezes até de um modo bastante rígido, são observados nas diversas seitas. Obediência à lei pareceu sempre ser ressaltada”.

“Os seguidores das seitas parecem ser pessoas tranqüilas e felizes. Muitas atribuem reorganizações familiares, retorno de interesse no trabalho, encontro consigo próprio e com Deus, etc., através da religião e do chá”.

“O uso ritual do chá parece não atrapalhar e não ter conseqüências adversas na vida social dos seguidores das diversas seitas. Pelo contrário, parece orienta-los no sentido da procura da felicidade social, dentro de um contexto ordeiro e trabalhador”.

Perante estes e outros fatos, no dia 2 de junho de 1992, o conselho decidiu liberar definitivamente a utilização da Ayahuasca para fins religiosos em todo o território nacional. Segundo a então presidente do Confen, Ester Kosovsky, "a investigação, desenvolvida desde 1985, baseou-se numa abordagem interdisciplinar, levando em conta o lado antropológico, sociológico, cultural e psicológico, além de análises fitoquímicas."

O relator do processo de investigação, Domingos Carneiro de Sá, explicou que o fato fundamental para a liberação da bebida foi o comportamento dos usuários e a seriedade dos centros que utilizam o chá em seus rituais: Não foram observadas atitudes anti-sociais dos participantes dos cultos, ao contrário, constataram os efeitos integrados e reestruturantes com indivíduos que antes de participarem dos rituais apresentavam desajustes sociais ou psicológicos.

São muitas as instituições religiosas que hoje, no Brasil, fazem uso da Ayahuasca. E há entre elas muita diversidade de rituais e doutrinas. Mas, em comum, pode-se dizer que todas se empenham para evitar o uso inadequado do chá e para esclarecer os objetivos construtivos de suas respectivas instituições.

Com essa finalidade, foi assinada em 191, em comum acordo entre as maiores instituições usuárias da Ayahuasca, uma “Carta de Princípios”, estabelecendo procedimentos éticos comuns em torno do uso da Ayahuasca, e, sobretudo, buscando regular o relacionamento das seitas com os veículos de comunicação, de modo a evitar a perpetuação de equívocos, prejudiciais a todos.
Recentemente, em 2006, por ocasião do Seminário da Ayahusca em Rio Branco do Acre, foi instituido o Grupo Multi-disciplinar de Trabalho para os estudos da Ayahuasca, conforme resolução n. 04 do Conad, que por sua vez, após meses intensos de investigação implementaram o atual "Documento de Deontologia", que visa trazer ainda mais legalidade as atividades dos grupos legalmente constituídos. Este relatório final foi aprovado pelo GMT em 23 de Novembro de 2006.
Finalmente, no dia 26 de Janeiro de 2010, foi publicado no Diário Oficial da União - No. 17 - na página 58, a Resolução N.1 do CONAD, dando por aprovado o Relatório Final do GMT.

Importante Saber

No I CONGRESSO INTERNACIONAL DA AYAHUASCA, ocorrido em novembro de 1992 em Rio Branco (Estado do Acre), foi elaborada uma Carta de Princípios para a utilização da ayahuasca, que define importantes diretrizes como:
Do preparo e do uso da Ayahuasca:A Ayahuasca é um produto da união do Banisteriopis Caapi (mariri ou jagube) e da Psychotria Viridis (chacrona ou rainha), fervidos em água. Seu uso, que é tradicional entre os povos da Amazônia, deve ser restrito, nos centros urbanos, aos rituais religiosos autorizados pelas direções das entidades usuárias, em locais apropriados, sendo vedada a sua associação a substâncias proscritas.
Dos rituais religiosos: Respeitada a liturgia de cada uma e tendo em vista as peculiaridades do uso da Ayahuasca, as entidades se comprometem a zelar pela permanência dos usuários nos locais dos templos enquanto estiverem sob o efeito do chá.
Do plantio e cultivo: As entidades têm direito ao plantio e cultivo dos vegetais necessários à obtenção da bebida, em face à depredação do habitat natural onde eles se encontram mais acessíveis.
Dos cuidados e restrições:
Comercialização: As entidades comprometem-se a não comercializar a Ayahuasca, mesmo a seus adeptos, sendo seus custos de produção, transporte, estocagem e distribuição às filiais de responsabilidade do Centro.
Curandeirismo: A prática do curandeirismo, proibida pela legislação brasileira, deve ser evitada pelas entidades signatárias. As propriedades curativas e medicinais da Ayahuasca – que essas entidades conhecem e atestam – requerem uso adequado e devem ser compreendidas do ponto de vista espiritual, evitando-se todo e qualquer alarde publicitário que possa induzir a opinião pública e as autoridades a equívocos.
Pessoas incapacitadas: Será vedada terminantemente a participação nos rituais religiosos, bem como o uso da Ayahuasca, às pessoas em estado de embriaguez ou sob efeito de substâncias proscritas (alucinógenas). A participação de menor de idade só será permitida com a autorização dos pais ou responsáveis.
Da difusão de informações: Grande parte das controvérsias e contratempos em torno do uso da Ayahuasca – inclusive junto às autoridades constituídas, decorre dos equívocos difundidos pelos veículos de comunicação. Isso impõe da parte das entidades usuárias especial zelo no trato das informações em torno da Ayahuasca, sendo indispensável:
Que cada instituição, ao falar aos veículos de comunicação, esclareça obrigatoriamente sua entidade, ressaltando que não fala pelas demais entidades usuárias.
Que cada instituição restrinja a pessoas experientes de sua hierarquia o direito de falar aos veículos de comunicação, tendo em vista os riscos decorrentes da difusão inconseqüente do tema, por parte de pessoas com ele pouco familiarizadas.
Quando estiver em pauta um tema comum às instituições usuárias, deve-se buscar entendimento prévio em torno do que será difundido, de modo a resguardar o interesse geral e a correta compreensão dos objetivos de cada uma.